28 de Junho de 2024 – São Paulo, Brasil

Agradeço aos nossos anfitriões da Datagro pelo convite que me foi endereçado de forma tão graciosa para participar deste importante fórum. Agradeço em particular o:

  • Plinio Nastari, Presidente da Datagro; e
  • Guilherme Benchimol, Presidente do Conselho de Administração da XP

 

Nota de solidariedade

Em primeiro lugar, gostaria de expressar a minha solidariedade às centenas de milhares de famílias brasileiras afectadas pelas catastróficas inundações no Estado do Rio Grande do Sul, ocorridas recentemente.

Como moçambicanos, conhecemos o impacto devastador destas catástrofes. Desde 2017, tivemos diversos ciclones diferentes a atingir as nossas costas. Com o apoio de organizações governamentais, empresariais, sociedade civil e a assistência de cidadãos brasileiros, esperamos que vossa perda seja minimizada e que os esforços para reconstrução sejam rápidos.

 

Certamente, não podemos falar de segurança alimentar e do agronegócio sem falar das alterações climáticas, como estas que ocorreram no Brasil.

 

Nota da conferência

Hoje, reunimo-nos, aqui, em São Paulo, como possuidores e gestores da terra, campeões da inovação e guardiões do futuro. Como membros da comunidade do agronegócio brasileiro e não só, temos uma profunda responsabilidade – não apenas para com o nosso sector, mas para com as nossas nações e com o mundo. Estamos numa encruzilhada em que as nossas escolhas devem moldar a vida de milhões de pessoas, tanto aqui no Brasil como em todo o mundo.

 

A insegurança alimentar continua a ser um dos desafios mais prementes do nosso tempo.

 

Enquanto estamos aqui sentados, esta manhã, cerca de 800 milhões de pessoas, ou seja, quase 10% da população mundial sofre de fome crónica. A estes juntam-se 2,4 mil milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, o que representa quase 30% da população mundial.

 

Venho de África (Moçambique), onde, tal como o Brasil, se debate com uma grave crise, com mais de 250 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar.

 

Só aqui no Brasil, é do conhecimento de todos que mais de 33 milhões de pessoas passam fome todos os dias. Mas acho particularmente desconfortante o facto de que, sendo um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, 41% da população brasileira – mais de 70 milhões de pessoas – vive em situação de insegurança alimentar.

 

O Brasil alimenta milhões de pessoas, em todo o mundo, e as suas indústrias agro-alimentares estão em franca expansão. Os seus produtos alimentares seguem para a China, para o Médio Oriente, para a Ásia e para a África – para todo o lado. Mas os vossos irmãos e irmãs, dentro das vossas próprias fronteiras, vão para a cama com fome todas as noites. Como é possível que os vossos produtos alimentares não estejam a alimentar o vosso próprio povo?

 

Estão a ser produzidos alimentos suficientes, mas estes não são acessíveis, não estão disponíveis ou não estão ao alcance de todos. Igualmente desconcertante é o facto de pouco mais de 40% da oferta de alimentos, no Brasil, perder-se ou ser desperdiçada, anualmente, apesar de grande parte do desperdício ser constituído por alimentos nutritivos e seguros para o consumo, que poderiam ser encaminhados às pessoas que passam fome.[i] Não existe uma boa explicação para este paradoxo.

 

Aqui fica demonstrado o nexo entre a desigualdade, pobreza e injustiça social.

 

A fome tem um rosto – é maioritariamente de uma comunidade pobre, predominantemente negra e, no seio desta, feminina e jovem. Milhões de brasileiros consideram os alimentos nutritivos um luxo ilusório. Vêem-nos, mas não têm dinheiro para os comprar. E quando o fazem, compram o mínimo necessário e estes são de baixa qualidade e inadequados para satisfazer as suas necessidades nutricionais.

 

Milhões de pessoas vivem em “desertos alimentares” – áreas onde os seus próprios vizinhos têm poucas ou nenhumas opções convenientes para garantir alimentos acessíveis e saudáveis – especialmente frutas e legumes frescos. Encontrados de forma desproporcionada, em zonas de elevada pobreza, os “desertos alimentares” produzem a desnutrição crónica que limita para o resto da vida o crescimento e potencial das crianças, das famílias e das comunidades.

 

Neste país, o racismo e o sexismo fazem das mulheres negras o grupo mais mal remunerado do Brasil. Um inquérito recente mostra que a diferença de rendimentos é maior entre os homens brancos e as mulheres negras, onde estas recebem menos 68% do que os seus homólogos brancos. Com este rendimento reduzido, são forçadas a gastar menos em alimentos, o que resulta num benefício nutricional limitado para as suas famílias. Para as pessoas a quem os alimentos nutritivos são demasiado caros e inacessíveis, verificamos uma correlação com piores resultados em termos de saúde e educação, tais como taxas de mortalidade mais elevadas e deficiências na função cognitiva.

 

Porque consentimos que a vida de certas pessoas seja mais valorizada do que a de outras? A saúde e as aspirações de certos segmentos da sociedade são potenciadas, enquanto permitimos que outros vivam destituídos e mal tenham uma existência digna. Parece que as nossas prioridades estão deslocadas, colocando o lucro e a produção acima do respeito pelas necessidades humanas básicas de cada cidadão.

 

Estas desigualdades levantam questões importantes, as quais vos coloco hoje: O que está a ser produzido e para quem? Quem de entre nós passa fome e porquê? Por que milhões de crianças estão subnutridas? Por que razão é que a esmagadora maioria é negra? O que precisa de mudar para que nenhum de nós passe por uma situação de carência?

 

Como imperativo nacional, todas as pessoas, independentemente da raça e do sexo, neste país, devem ter acesso a alimentos nutritivos. Sei que alguns de vós dirão que este não constitui o mandato das empresas. Dirão que é responsabilidade do governo. Sim e não! Sim, é uma obrigação do governo alimentar o seu povo. Mas eu estou do lado daqueles que argumentam que a acessibilidade aos alimentos é uma questão de soberania e que as grandes empresas também se devem preocupar com a soberania. Não é verdade?

 

Nestes desafios reside uma oportunidade incrível – uma oportunidade para transformar a nossa abordagem em relação ao agronegócio. No centro desta transformação estratégica estão mulheres enquanto

  • produtoras,
  • consumidoras,
  • empreendedoras,
  • bem como inovadoras e líderes globais no sector do agronegócio.

Para uma mulher, seja ela rica, seja ela pobre, a sua preocupação fundamental é que a sua família seja alimentada e saudável. Quando as mulheres fazem parte dos espaços de tomada de decisão, como produtoras ou consumidoras, trazem esta perspectiva de garantir a satisfação das necessidades fundamentais de cada ser humano.

 

Liderança das Mulheres e Segurança Alimentar

Por que centrar-se nas mulheres? Poderão questionar! A resposta é simples: as mulheres são a espinha dorsal da segurança alimentar. A sua liderança pode não só ajudar a redesenhar o sector agroindustrial para um sector de equidade e prosperidade para todos, mas pode, também, construir comunidades mais vibrantes e saudáveis no seu conjunto.

 

As mulheres trazem perspectivas e abordagens únicas à agricultura. São, muitas vezes, as primeiras a adoptar práticas sustentáveis e estão profundamente empenhadas no bem-estar das suas famílias e comunidades.

 

Embora todos os direitos sejam extremamente importantes, o direito à alimentação e a uma alimentação nutritiva é um direito fundacional. Quando se tem uma alimentação nutritiva, tem-se saúde, capacidade intelectual para continuar a estudar e capacidade para ser um membro produtivo da sociedade, em qualquer sector. Resolver a questão do acesso aos alimentos é fundamental para libertar todo o potencial de todas as pessoas e comunidades.

 

A segurança alimentar contribui para a redução das desigualdades. Para quebrar o ciclo da pobreza, é preciso começar pela alimentação e pela nutrição.

 

Vejamos por um momento os benefícios transformadores de tirar partido de todo o poder das mulheres enquanto produtoras, empreendedoras e consumidoras.

 

Produtoras

No Brasil, até apenas uma década atrás, as mulheres estavam praticamente ausentes do cenário do agronegócio em larga escala, evidenciando uma lacuna significativa em termos de igualdade racial, liderança e inovação. Quando as mulheres desempenham papéis de liderança na produção agrícola, tendem a dar prioridade às necessidades nutricionais das suas famílias e comunidades. Estudos mostram que as mulheres têm mais probabilidades de cultivar diversas culturas, o que melhora a variedade alimentar e a nutrição.

 

A posse da terra e os direitos de herança são vitais para as mulheres produtoras, pois proporcionam estabilidade económica, reconhecimento legal e a capacidade de investir e gerir a terra de forma produtiva. Foi-me dito que, aqui no Brasil, as mulheres detêm apenas 19% das terras agrícolas, apesar de representarem 30% da mão-de-obra agrícola. Estes números relativos à propriedade da terra e à produção liderada por mulheres têm de aumentar drasticamente. A garantia dos direitos à terra e à herança permite que as mulheres tomem decisões agrícolas a longo prazo, tenham acesso ao crédito e adoptem práticas agrícolas sustentáveis, o que aumenta directamente a segurança alimentar. Nos países onde as mulheres têm direitos iguais à terra, vemos claramente como isso conduz a uma melhor gestão dos recursos, a um aumento dos rendimentos agrícolas e a uma melhoria da nutrição e do bem-estar das famílias.

 

Ofereço humildemente uma abordagem ao meu próprio trabalho no Graça Machel Trust. Sabemos que o desenvolvimento económico das nações depende da participação da mulher, mas também reconhecemos que a sua contribuição é subestimada, subvalorizada e subutilizada. Assim, através da nossa Rede de Mulheres Africanas no Agronegócio, procuramos elevar a posição das mulheres em toda a cadeia de valor e impulsionar as empresas agrícolas das mulheres para além subsistência, transformando-as em empresas viáveis.

 

As mulheres africanas são particularmente afectadas pela baixa produtividade agrícola, pela falta de controlo dos meios de produção e pelos baixos rendimentos financeiros da agricultura. O nosso trabalho responde à necessidade de fazer avançar as mulheres, em toda a cadeia de valor da agricultura, com vista ao aumento da sua produtividade e do seu lucro através de melhores factores de produção, acesso aos mercados e financiamento a níveis comunitário, regional e nacional.

 

Desenvolvemos um sistema de produção e comércio de sementes de leguminosas e cereais liderado por mulheres, com o objectivo a mitigar a crescente procura de alimentos, a desnutrição e as alterações climáticas e aumentar a prosperidade económica das mulheres.

 

Talvez uma das forças mais poderosas que já vi, para fazer avançar o nosso sector, seja o investimento nas mulheres empreendedoras.

 

Mulheres Empreendedoras

As mulheres empreendedoras são o centro inexplorado na luta contra a insegurança alimentar. Mais uma vez, apresento um pequeno exemplo do continente africano que está a transformar vidas e comunidades e que é relevante para o nosso contexto aqui. A minha Organização gere uma iniciativa de desenvolvimento empresarial destinada a apoiar mulheres empreendedoras africanas, provendo-as de competências, ferramentas e redes para transformarem as suas empresas em empresas geradoras de riqueza. Com mais de 2500 participantes, em sete países africanos, o programa oferece formação, orientação e apoio técnico para ajudar as empreendedoras a expandirem as suas empresas e a desmantelar sistemas económicos discriminatórios. Estamos a colocar o conhecimento, a tecnologia e a capacidade de gestão nas mãos das mulheres para que se tornem influentes na cadeia de valor alimentar.

 

Acreditamos que, com o nível certo de apoio, as mulheres podem deixar de ser empreendedoras de sobrevivência e de necessidade para se tornarem geradoras de riqueza que proporcionam à sociedade novas abordagens para enfrentar os muitos desafios de desenvolvimento com que nos deparamos – em especial no sector agro-alimentar – ao mesmo tempo que expandem significativamente as suas empresas.

 

Além de serem produtoras e empreendedoras poderosas, as mulheres de todo o mundo são desvalorizadas enquanto consumidoras.

Mulheres Consumidoras

Quem toma as decisões sobre o consumo de alimentos em todos os agregados familiares, independentemente do estatuto económico, são as mulheres. Precisamos de ouvir as mulheres, pois são elas que tomam as decisões sobre o que é consumido. Na equação da oferta e da procura dos alimentos – são elas que impulsionam a procura. São decisoras poderosas e estratégicas e qualquer empresa experiente deve ouvi-las para que possam orientar o que deve ser produzido e disponibilizado ao público. Não tenho a certeza de que aqueles que determinam a oferta estejam a ouvir com atenção suficiente os que tomam decisões sobre o consumo. Não ignorem as mulheres – oiçam-nas, pois as suas decisões centram-se, em grande parte, no bem-estar e na saúde das suas famílias.

 

Fomentar o poder das mulheres enquanto consumidoras e aproveitar o seu poder de compra enquanto principais determinadoras das escolhas alimentares dos seus agregados familiares tem benefícios de grande alcance, que vão para além da agricultura. A suas opções tem impacto nos resultados da saúde, da educação e do desenvolvimento económico.

 

As mulheres, que controlam uma maior parte do rendimento do agregado familiar, tendem a investir mais na educação dos seus filhos.

 

Estudos demonstram que as mulheres reinvestem até 90% dos seus rendimentos nas suas famílias e comunidades, em comparação com 30-40% para os homens. Este reinvestimento ajuda a melhorar o bem-estar de nações inteiras. Na agricultura, isto significa não só uma melhor segurança alimentar, mas também uma maior resiliência e crescimento económico.

 

Abordagem de Rede

Trabalhamos com redes por uma razão muito estratégica: há poder no colectivo. O nosso objectivo é eliminar as barreiras estruturais e a forma mais eficaz de as eliminar é através de redes. O poder das redes, para influenciar a política em torno do agronegócio e da segurança alimentar, é profundo e multifacetado. As redes reúnem diversas partes interessadas, incluindo agricultores, profissionais do sector agroindustrial, decisores políticos, investigadores e organizações não governamentais. Esta diversidade permite uma abordagem abrangente tanto da advocacia como do crescimento da empresa.

 

As redes facilitam um melhor acesso dos agricultores ao mercado, ligando-os a compradores, fornecedores e instituições financeiras. Conhecimento é poder. As redes trabalham para melhorar o conhecimento de mercado para os agricultores, fornecendo acesso a informações sobre normas de qualidade e facilitando as ligações com os compradores. Estas redes ajudam os agricultores a obter melhores preços para os seus produtos, a reduzir as perdas pós-colheita e a garantir um rendimento mais fiável, o que, por sua vez, aumenta a segurança alimentar. Tenho provas em primeira mão deste facto na África Oriental.

 

Há alguns anos, os membros da Rede de Mulheres Africanas no Agro-negócio do Malawi deslocaram-se à Tanzânia para participar de um Fórum de Comércio e Investimento Tanzânia-Malawi. Durante a sua estadia no Malawi, os membros da rede exploraram oportunidades para expandir as suas empresas a nível regional. A equipa firmou um acordo para fornecer soja a uma empresa sediada na Tanzânia que a transformaria em óleo e expandiria os mercados para as empresas de sementes do Malawi na Tanzânia. A rede ajudou a identificar novos mercados e vários canais de distribuição através dos quais os seus membros puderam, pela primeira vez, comercializar os seus produtos para além das fronteiras do Malawi, para a região da África Oriental.

 

As redes também servem como plataformas de partilha de melhores práticas. Permitem a divulgação de técnicas agrícolas inovadoras, estratégias de resistência às alterações climáticas e práticas agrícolas sustentáveis. Redes eficazes podem mobilizar recursos, tanto financeiros quanto técnicos, para apoiar iniciativas de agronegócios e programas de segurança alimentar. Tiramos partido das nossas redes para atrair financiamento de doadores internacionais, instituições multilaterais, governos e parceiros do sector privado. Ao reunir recursos, as redes podem implementar projectos de grande escala que as entidades individuais poderiam não ser capazes de realizar sozinhas.

 

Ao defenderem políticas que apoiam a igualdade de género e o acesso da mulheres aos recursos, estas redes contribuen para derrubar as barreiras que as mulheres enfrentam no sector agrícola. Encorajo a todos nós aqui presentes a sermos intencionais na promoção da liderança das mulheres neste sector, uma vez que tem um efeito de cascata cujo impacto se repercute na elevação de tantas outras áreas do desenvolvimento humano.

 

Mulheres e Resiliência Climática

Não podemos falar de segurança alimentar e agroindústria sem reconhecer o impacto das alterações climáticas. Com o aumento das temperaturas globais, assiste-se a um aumento da frequência e da gravidade dos fenómenos meteorológicos extremos em todos os cantos do mundo. Estou ciente de que conhecem esta dor e devastação com demasiada intimidade e com demasiada frequência.

 

As mulheres estão, muitas vezes, na vanguarda da adopção de práticas agrícolas sustentáveis que reforçam as respostas ‘’climate smart’ as alterações climáticas. Através da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade em Mocambique, estamos a testar técnicas agrícolas, e práticas de gestão sustentável dos solos, incluindo a utilização de variedades de culturas resistentes à seca, sistemas eficientes de gestão da água, como a irrigação gota a gota e práticas agro-florestais que aumentam a fertilidade dos solos e reduzem a erosão. Tenho orgulho em dizer que as mulheres estão na vanguarda destas inovações.

 

Ao investir em abordagens de resiliência climática, podemos construir sistemas alimentares mais robustos e sustentáveis, capazes de resistir aos desafios colocados pelas alterações climáticas. Isto não só garante a segurança alimentar, como também apoia os meios de subsistência de milhões de pessoas que dependem da agricultura, promovendo um futuro mais resiliente e equitativo para todos.

 

Ao encerrar, convido vocês, como líderes influentes, a olharem internamente para seus próprios negócios e iniciarem esta jornada de transformação e posicionamento das mulheres na liderança.

 

Seu negócio prosperará.

E bom para a segurança alimentar.

E contribui para uma sociedade igualitaria.

Muito Obrigada!

 

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References

 

 IPCC, “Climate Change and Food Security,” 2019.

 Reuters, “Brazil Floods Destroy Farmland,” 2022.

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CNN, “Bahia Floods: Thousands Displaced,” 2022.

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The Guardian, “Devastating floods hit southern Brazil, causing significant casualties and economic losses,” 2024

CNN, “Brazil’s south faces catastrophic flooding, with thousands displaced and crops destroyed,” 2024

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https://rioonwatch.org/?p=72747

https://www1.folha.uol.com.br/internacional/en/business/2024/03/women-receive-salaries-194-lower-than-men-in-brazil-says-government-report.shtml#:~:text=Black%20women%20account%20for%2016.9,%2C%20which%20is%20R%24%205

[i] https://atlas.foodbanking.org/new-research-highlights-how-brazil-can-address-food-waste-hunger-and-climate-change/